A diverticulite aguda ocorre quando os divertículos — pequenas bolsas que se formam na parede do cólon — sofrem inflamação, geralmente devido a microperfurações. A condição pode variar de leve a grave e afeta entre 10% e 25% das pessoas com diverticulose. Nos últimos anos, o número de diagnósticos aumentou, graças aos avanços nos exames de imagem. Antes considerada um problema que exigia cirurgia, hoje a maioria dos casos pode ser tratada de forma clínica, com repouso intestinal, antibióticos e hidratação adequada. Quem explica é a coloproctologista Glícia Abreu.

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O que causa a diverticulite?
Segundo a médica, os principais fatores de risco estão ligados à alimentação e ao estilo de vida. “Dietas pobres em fibras e ricas em gordura e carne vermelha aumentam as chances de inflamação dos divertículos, assim como a obesidade e o tabagismo. Além disso, o uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides, corticoides e opioides também pode favorecer o desenvolvimento da doença”, explica.
Ao contrário do que se acreditava no passado, Glícia ressalta que alimentos como sementes, nozes e pipoca não aumentam o risco de diverticulite ou de complicações associadas.
Sintomas e possíveis complicações
Os sintomas da diverticulite variam conforme a gravidade do quadro, mas o mais comum é a dor abdominal persistente, geralmente no lado esquerdo do abdome. No entanto, pacientes asiáticos podem sentir dor no lado direito devido a variações anatômicas. Outros sinais incluem febre, náuseas, vômitos e alterações no funcionamento do intestino, como diarreia ou constipação. Em casos mais graves, a inflamação pode afetar o trato urinário, causando dor ao urinar e aumento da frequência urinária.
Se a inflamação se agrava, podem surgir complicações como abscessos, fístulas, obstrução intestinal e até perfuração do intestino, que pode levar à peritonite — uma condição grave e potencialmente fatal.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da diverticulite pode ser clínico, mas exames laboratoriais e de imagem ajudam a confirmar a doença e avaliar sua gravidade. “A tomografia computadorizada do abdome é o exame mais preciso, pois tem alta sensibilidade e especificidade. O ultrassom pode ser útil, mas sua eficácia depende da experiência do profissional. Já a colonoscopia não é indicada na fase aguda, pois há risco de perfuração, mas deve ser realizada algumas semanas após a recuperação para descartar outras doenças, como o câncer de intestino”, explica Glícia.
Tratamento e prevenção da diverticulite
O tratamento da diverticulite depende da gravidade do caso. Em situações leves, o paciente pode ser tratado em casa, com repouso, aumento da ingestão de líquidos e antibióticos orais. Nos quadros mais graves, com febre persistente, dor intensa ou sinais de peritonite, pode ser necessária internação hospitalar para administração de antibióticos intravenosos e monitoramento rigoroso. “Se houver abscessos grandes ou perfuração intestinal, pode ser necessária drenagem ou cirurgia. A cirurgia também pode ser indicada para casos recorrentes que impactam a qualidade de vida do paciente”, acrescenta a médica.
Para prevenir a diverticulite, mudanças no estilo de vida são fundamentais. “Uma alimentação rica em fibras, com frutas, legumes e grãos integrais, reduz a pressão dentro do cólon e ajuda a evitar inflamações. Além disso, manter-se hidratado, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo são medidas essenciais para reduzir o risco da doença”, orienta Glícia.
Embora seja uma condição comum, a diverticulite pode ser evitada e controlada com cuidados simples que favorecem a saúde intestinal. “Dores abdominais frequentes e mudanças no hábito intestinal devem ser investigadas por um médico. Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado evitam complicações e garantem uma melhor qualidade de vida”, finaliza a especialista.