As festas juninas, celebradas com entusiasmo em toda a Bahia, marcam um dos períodos mais tradicionais da cultura nordestina. No entanto, entre as fogueiras acesas e os fogos de artifício que iluminam o céu, cresce também o número de acidentes envolvendo queimaduras, sobretudo entre crianças e adolescentes.

Leia também: Corpus Christi e São João: Rodoviária e Ferry-Boat operam com esquema especial

Durante o mês de junho, hospitais do estado registram aumento significativo nos atendimentos de vítimas com lesões térmicas. Os casos mais comuns ocorrem por manuseio inadequado de artefatos pirotécnicos e pela proximidade imprudente com fogueiras.

As regiões mais afetadas do corpo incluem mãos, rosto e braços, exigindo, em muitos casos, cuidados especializados. O cirurgião plástico Carlos Briglia, especialista em queimaduras do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), destaca que a maioria dos acidentes ocorre por negligência ou desconhecimento das medidas de segurança.

“É fundamental respeitar as instruções dos fabricantes e manter distância segura das explosões. A prevenção ainda é a melhor forma de evitar tragédias nesse período festivo”, alerta.

Em Feira de Santana, o Hospital Mater Dei Emec (HMDE) conta com estrutura e equipe multidisciplinar para o atendimento de pacientes queimados, desde os primeiros socorros até a reabilitação. O coordenador do Centro de Cuidado de Feridas do HMDE, Gustavo Matos, reforça que a busca por atendimento médico deve ser imediata, mesmo quando a queimadura parecer leve.

“Se não tratadas corretamente, essas lesões podem evoluir para quadros mais graves. A atenção especializada faz toda a diferença no desfecho clínico”, ressalta.

O tratamento para queimaduras varia de acordo com o grau da lesão. Pode incluir curativos especiais, medicamentos para dor e prevenção de infecções, além de procedimentos cirúrgicos, como enxertos de pele. “O suporte psicológico e a fisioterapia também são indispensáveis, principalmente em casos mais graves, com impacto estético ou funcional”, afirma Matos.

São João no Centro Histórico: confira a programação completa dos 13 dias de festa

Entre os principais fatores de risco está o uso de líquidos inflamáveis, como álcool e gasolina, para acender fogueiras — prática altamente perigosa e que deve ser evitada. “Já atendemos pacientes com queimaduras de segundo e terceiro graus provocadas por explosões ao tentar reacender fogueiras com álcool. É um comportamento que pode ter consequências gravíssimas”, alerta o especialista.

Outros cuidados incluem não armazenar fogos de artifício em locais quentes, não permitir o manuseio por crianças e jamais utilizar artefatos pirotécnicos sem supervisão. Até mesmo traques e estalinhos, considerados inofensivos, podem causar queimaduras sérias ao entrar em contato com a pele.

Medidas preventivas recomendadas

  • Monte fogueiras longe de fiações elétricas, árvores e estruturas cobertas;
  • Acenda fogos de artifício somente em áreas abertas e siga as instruções do fabricante;
  • Mantenha baldes com água ou extintores por perto;
  • Utilize equipamentos de proteção como luvas e óculos;
  • Nunca tente reacender um artefato que falhou na primeira tentativa.

Em caso de queimadura, recomenda-se resfriar a área com água corrente em temperatura ambiente por cerca de dez minutos e procurar atendimento médico o quanto antes. “Evite aplicar substâncias caseiras como pasta de dente, manteiga, pó de café ou farinha. Esses produtos não ajudam e ainda podem agravar a lesão”, adverte Matos.

Queimaduras que atingem o rosto, mãos, pés, genitais, provocam bolhas grandes ou dor intensa devem ser tratadas como emergências. “Se a área afetada for maior que a palma da mão da vítima, o hospital deve ser procurado imediatamente”, orienta o médico.

As festas juninas são um patrimônio cultural valioso. Com medidas simples e responsabilidade, é possível preservar a alegria dos festejos e evitar que o calor do São João se transforme em dor.