No universo digital em que vivemos, as formas de interação humana evoluíram de maneira significativa. Entre as mais recentes tendências, destaca-se o conceito dos “conversantes”, uma modalidade de relacionamento que acontece estritamente online, onde as pessoas se conectam para conversar sobre tudo, por longas horas, sem qualquer intenção inicial de se encontrarem pessoalmente. Esse fenômeno tem seus benefícios, mas também apresenta riscos importantes à saúde mental.

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O termo “conversante” remete àquela pessoa com quem você compartilha suas ideias, sentimentos e experiências mais íntimas, sem a necessidade de um contato físico. É um tipo de amor platônico moderno: perfeito porque não existem brigas e imutável porque não há encontros. No entanto, é justamente essa perfeição irreal e essa imutabilidade que podem levar a um mundo de fantasias, onde as pessoas se relacionam com uma ideia idealizada do parceiro perfeito, em vez de uma pessoa real e complexa.

Essa forma de relacionamento, embora aparentemente satisfatória, pode se tornar perigosa. A falta de interação física impede que os cinco sentidos sejam plenamente utilizados para conhecer e compreender o outro. As nuances de uma voz, os gestos e as expressões faciais são essenciais para uma compreensão completa e verdadeira de quem estamos conhecendo. Sem essas interações, o que resta é uma projeção de expectativas e desejos, muitas vezes irreais.

Reprodução/Freepik

As chamadas “quase relações” são comuns nas redes sociais e refletem uma mudança significativa no comportamento após o advento da internet e dos aplicativos de namoro. É inegável que pessoas podem desenvolver sentimentos profundos apenas através da troca de mensagens. No entanto, é crucial questionar a realidade desses sentimentos e a profundidade dessas conexões. Sem evolução para um encontro físico, essas relações permanecem em um limbo, onde a verdadeira intimidade e compreensão mútua não são possíveis.

Para evitar os perigos das relações “dexting” – uma combinação das palavras “date” (encontro) e “texting” (troca de mensagens de texto) –, é importante estabelecer um prazo para um encontro real. Isso ajuda a distinguir entre aqueles que estão apenas buscando um afago ao ego e aqueles que realmente desejam construir uma relação genuína. Sem essa evolução, a relação pode se tornar um ciclo vicioso de expectativas não realizadas e frustrações emocionais.

Em suma, enquanto os “conversantes” podem proporcionar uma forma reconfortante e acessível de conexão humana, é vital estar atento aos riscos. Relações que não evoluem para além do virtual podem ser prejudiciais à saúde mental, levando a um isolamento emocional e a uma desconexão da realidade. O verdadeiro desafio é equilibrar a conveniência e o conforto das interações online com a necessidade fundamental de conexão humana real e tangível.