No universo da logística, onde o dinamismo dita o ritmo e a pressão por produtividade é constante, garantir a segurança dos colaboradores vai muito além de seguir normas — trata-se de construir uma verdadeira cultura de prevenção. Segundo Elkmar da Cruz, especialista em segurança do trabalho com 19 anos de experiência na área, os desafios são grandes, mas a transformação é possível quando líderes assumem o protagonismo e colocam o bem-estar da equipe no centro da operação.

Equipamentos em movimento e riscos iminentes
Dentro de uma operação logística, colaboradores dividem espaço com empilhadeiras, prateleiras e outros equipamentos — elétricos ou manuais — que circulam o tempo todo. A manutenção corretiva e preventiva desses maquinários é essencial para evitar acidentes. “É fundamental garantir que todos os equipamentos estejam em condições ideais de uso”, afirma Elkmar. Paralelamente, o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o cumprimento rigoroso das normas da segurança do trabalho são indispensáveis.
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Da força física à inteligência operacional
Historicamente, a logística foi marcada pelo esforço físico extremo, responsável por muitas lesões osteomusculares. Hoje, graças à automação e à inovação tecnológica, essa realidade começa a mudar. “Equipamentos elétricos substituíram grande parte da força bruta, o que reduziu significativamente as lesões e o estresse físico e mental dos trabalhadores”, destaca o especialista.
Pressão, produtividade e o papel do líder
Uma das grandes dificuldades da área é lidar com os imprevistos, como atrasos de mercadorias ou matérias-primas. Isso gera gargalos, que por sua vez geram pressão. É nesse cenário que o papel do líder se torna estratégico. “Cabe ao gestor acompanhar de perto a equipe, cobrar resultados, mas sempre priorizando a segurança”, reforça Elkmar. O equilíbrio entre produtividade e bem-estar nasce da presença ativa do líder na rotina operacional.
Segurança como investimento, não como despesa
Para Elkmar, adotar uma cultura de segurança não é custo — é economia inteligente. “Quando tratamos a segurança como investimento, diminuímos os custos com afastamentos, acidentes e perdas. Operação saudável é sinônimo de produtividade”, pontua. A prevenção impacta diretamente na qualidade e nos resultados do negócio.
Liderança como espelho e voz ativa da segurança
Não basta cobrar segurança: o gestor precisa ser o primeiro a dar o exemplo. Elkmar é enfático: “O líder precisa seguir as normas, utilizar os EPIs e falar de segurança todos os dias com a equipe. É preciso naturalizar o tema nas reuniões e tornar o assunto parte da rotina.” Ele também defende ações criativas para engajar a equipe, como dinâmicas, vídeos educativos e conversas sobre segurança no trajeto casa-trabalho.
A força das práticas simples
Em um ambiente com constante circulação de máquinas, as práticas básicas fazem a diferença. “O uso contínuo dos EPIs e o respeito às normas de segurança são inegociáveis”, diz Elkmar. Além disso, ele destaca a importância da ergonomia: desde a forma de carregar caixas até a postura correta ao digitar no computador. Esses cuidados, muitas vezes negligenciados, são cruciais para evitar lesões a longo prazo.