No dia 25 de outubro, às 20h, a Praça Teixeira de Freitas, na Escadinha dos Canoeiros, em Cachoeira (BA), será palco de um dos momento simbólico da religiosidade afro-brasileira: a entrega de presentes à Oxum, orixá que reina sobre as águas doces. A cerimônia reunirá alabês, ogãs e pescadores em um encontro marcado pela música dos atabaques, cânticos tradicionais e expressões de fé que atravessam gerações.
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A ação busca fortalecer as tradições de matriz africana, reafirmando o respeito e a importância das manifestações culturais que moldam a identidade do povo baiano.
Tradição e ancestralidade nas margens do Paraguaçu
O Rio Paraguaçu, que corta a cidade de Cachoeira, é considerado um espaço sagrado para as comunidades de terreiro da região. Suas águas são cenário de oferendas, orações e rituais que conectam os fiéis aos seus ancestrais. O ato de levar as oferendas à Oxum, conhecido como xorodô, é realizado com flores, moedas, alfazema e outros elementos simbólicos. O gesto representa gratidão, pedidos de proteção, amor, saúde e prosperidade. O ritual será conduzido ao som dos atabaques, unindo a força do canto dos alabês à fé dos devotos e à presença dos pescadores, guardiões do rio e conhecedores das suas correntes.
Oxum: a senhora das águas doces
Oxum é uma das mais veneradas divindades das religiões de matriz africana. É a orixá do amor, da fertilidade, da sensibilidade e da riqueza interior. Nas tradições do candomblé, ela é representada com espelhos e adornos dourados, símbolos de beleza e poder.
Sua energia está presente nas águas dos rios, cachoeiras e nascentes, locais onde a fé se manifesta em forma de canto e oferenda. Durante a celebração, seus filhos e filhas prestarão homenagens em reverência à deusa que acolhe, abençoa e purifica.
Cachoeira: cidade sagrada e heroíca
Localizada no coração do Recôncavo Baiano, Cachoeira é reconhecida por sua forte ligação com a religiosidade, a cultura afro-brasileira e a história política do país. Em 1971, o município foi tombado como Monumento Nacional pelo IPHAN, e carrega o título de “Cidade Heróica” desde 1837, em reconhecimento ao papel desempenhado nas lutas pela Independência da Bahia.
Banhar-se nas margens do Paraguaçu é, para muitos, um ato de fé e reconexão. A cidade abriga tradições centenárias, festas religiosas, irmandades e ritos que mantêm viva a memória do povo negro e sua contribuição para a formação cultural do Brasil.
Rio Paraguaçu: símbolo de fé e história
Com cerca de 600 quilômetros de extensão, o Rio Paraguaçu nasce em Barra da Estiva, na Chapada Diamantina, e deságua na Baía de Todos-os-Santos, em Salinas da Margarida. É o maior rio genuinamente baiano, atravessando cerca de 80 municípios e ocupando aproximadamente 11% do território estadual.
Além de sua importância ecológica e econômica, o Paraguaçu é um marco espiritual. Em Cachoeira, ele é visto como morada de encantamentos e guardião de mistérios. Seus redemoinhos, segundo a tradição oral, são portais para o sagrado, lugares onde as oferendas são aceitas e as orações ecoam.
Serviço
- Evento: Entrega de presentes a Oxum – Encontro de Alabês, Ogãs e Pescadores
- Data: 25 de outubro de 2025 (sexta-feira)
- Horário: 20h
- Local: Praça Teixeira de Freitas, Escadinha dos Canoeiros – Cachoeira (BA)
- Atrações: Toques de atabaque, cantos e oferendas nas águas do Rio Paraguaçu
foto: Alex Dantas

