No Brasil, além de ser muito prevalente, o Acidente Vascular Cerebral (AVC ou derrame) é responsável por mais de 100 mil mortes anuais. Só na Bahia, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), foram registrados cerca de 23 mil casos e mais de cinco mil óbitos causados pela doença no ano passado, fato que reflete a necessidade de campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção, detecção precoce e do tratamento rápido. Cerca de 90% dos casos de AVC podem ser prevenidos com a adoção de hábitos saudáveis.

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Identificar e controlar fatores de risco como hipertensão, diabetes, colesterol elevado e tabagismo é essencial. Além disso, praticar atividades físicas regulares, manter uma alimentação equilibrada e combater a obesidade são fundamentais para reduzir o risco de AVC. Mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico regular previnem tanto o AVC isquêmico, causado pela obstrução de uma artéria que leva sangue ao cérebro; quanto o hemorrágico, que ocorre quando há o rompimento de um vaso sanguíneo cerebral.

Sintomas e tratamento

De acordo com o neurologista do Hospital Mater Dei, Jamary Oliveira Filho, o reconhecimento dos sintomas é fundamental para aumentar a eficácia do tratamento. Os sinais mais comuns incluem fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo (rosto, braço ou perna); dificuldade para falar ou entender a fala; perda súbita da visão, especialmente em um olho; tontura, perda de equilíbrio ou coordenação motora; e dor de cabeça intensa e repentina, sem causa aparente.

“Diante de qualquer um dos sintomas, é essencial procurar ajuda médica imediatamente, pois o AVC é uma doença tempo-dependente, ou seja, quanto mais rápido se chega ao hospital, maior o arsenal de medidas para ajudar a reverter os déficits para o paciente”, destacou.

Ainda segundo o especialista, o tratamento rápido é a chave para minimizar os danos causados. “O AVC não é mais aquela doença sem solução que conhecíamos no passado. Hoje, com o avanço das tecnologias, podemos tratá-la com técnicas como a trombólise química, que dissolve o coágulo que causou o AVC, e a trombectomia mecânica, procedimento que utiliza cateteres para remover mecanicamente o coágulo das artérias cerebrais”, explicou o professor do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

As intervenções referidas pelo médico, que é Doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo (USP) e Especialista em Neurologia Vascular pela Harvard University, são mais eficazes quando realizadas nas primeiras horas após o início dos sintomas.

Reabilitação e cuidados pós-AVC

Após o tratamento inicial, o processo de reabilitação é essencial para a recuperação do paciente. Como o AVC é uma doença reabilitável, quanto mais cedo se iniciam as terapias de reabilitação, como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, melhores são os resultados na recuperação das funções perdidas. “No Hospital Mater Dei Salvador, contamos com uma equipe multidisciplinar que acompanha os pacientes desde o momento da internação até o pós-alta, com foco na prevenção de novos eventos e na recuperação total do paciente”, concluiu o neurologista.

Perspectivas

Embora as taxas de mortalidade por AVC tenham diminuído nos últimos anos com o avanço dos tratamentos, o número de pessoas que sobrevivem com sequelas tem aumentado devido ao envelhecimento da população e ao sucesso das terapias. Globalmente, a prevalência do AVC permanece elevada, embora a incidência tenha diminuído graças às medidas preventivas. Com mais pessoas sobrevivendo ao AVC, o desafio será lidar com as sequelas, especialmente em uma população que está envelhecendo.