O Ministério da Saúde inicia, em 15 de agosto de 2025, a oferta do teste molecular de DNA-HPV — tecnologia nacional de detecção precoce do câncer de colo do útero — via Sistema Único de Saúde (SUS). O exame, mais sensível e eficaz que o tradicional Papanicolau, identifica 14 genótipos do vírus antes das lesões clínicas, reduz a necessidade de exames repetidos e amplia os intervalos de rastreamento para até cinco anos.
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A implantação começa em 12 estados e visa abranger todo o país até dezembro de 2026, beneficiando até 7 milhões de mulheres por ano.
Inovação tecnológica e sensibilidade diagnóstica
O novo teste, desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná em parceria com a Fiocruz, oferece alta sensibilidade ao detectar 14 tipos de HPV mesmo em mulheres assintomáticas. Com isso, possibilita identificar infecções nas fases iniciais, precocemente, e reduzir a realização de exames e encaminhamentos desnecessários.
Intervalos de rastreamento otimizados
Quando o resultado é negativo, o rastreamento pode ser repetido apenas a cada cinco anos, o que traz eficiência clínica e econômica, diminuindo a sobrecarga de exames e recursos.
Substituição e fluxo assistencial
O Papanicolau permanece no SUS apenas como exame confirmatório para casos positivos no teste de DNA-HPV. A coleta é semelhante – segrega amostra do colo do útero – mas armazenada em tubo com conservante para análise laboratorial em busca do DNA viral.
Implantação gradual e abrangência
A portaria que autorizou a avaliação e posterior incorporação do teste foi aprovada pela Conitec no início de 2024. A tecnologia terá estreia em um município de cada um dos 12 estados – RJ, SP, MG, CE, BA, PA, RO, GO, RS, PR, PE e no Distrito Federal –, escolhidos por contarem com serviços de referência em colposcopia e biópsia. A meta é alcançar a cobertura nacional até dezembro de 2026.
Alcance estimado
O Ministério da Saúde projeta alcançar até 7 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos por ano. É um avanço massivo no rastreamento organizado, com alta performance e equidade, garantindo acessibilidade a populações remotas ou com baixa oferta de serviços.
Contexto epidemiológico e relevância
O HPV é a principal causa do câncer de colo do útero, terceiro mais incidente entre mulheres no país, com estimativa de 17 mil novos casos ao ano (triênio 2023-2025). A taxa é de 15 casos para cada 100 mil mulheres, segundo o INCA. A doença lidera as causas de morte no Nordeste, com cerca de 20 óbitos diários — um número que em alguns estados supera, em até seis vezes, a quantidade de casos de feminicídio.
Alinhamento com diretrizes internacionais
A implementação do teste molecular segue recomendações da OMS, que aponta o HPV como padrão ouro para o rastreamento do câncer de colo do útero e preconiza sua adoção para eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030.
Foto: João Risi/MS