Desde a infância, Bernardo Ribeiro Tochilovsky, atualmente com 24 anos, é um talentoso artista plástico que está no espectro autista e encontrou na arte uma maneira de expressar o que palavras nem sempre conseguem traduzir. Seus traços, ricos em sentimentos, contam histórias de superação, alegria, e, por vezes, de tristeza, revelando um universo de emoções que ganham vida em suas telas. Sua jornada artística começou de forma natural, quando ainda pequeno, descobriu o poder e o impacto da pintura.
O chamado do artista
Para Bernardo, a arte sempre esteve presente em sua vida. “Desde que eu era pequeno, gostava de desenhar as pessoas. Eu queria ficar pintando a vida toda, mas quando eu cresci, não queria mais pintar em casa sozinho, e aí fui pintar no ateliê de Camila Govas, que foi minha professora de artes no 6º ano do colégio. Não sei quantos anos eu tinha quando eu comecei a pintar, mas decidi que eu queria ser artista plástico em 2019”, relembra.
A partir daí, ele começou a expandir suas habilidades, alternando entre pintar em casa e no ateliê.
A natureza como maior fonte de inspiração
Bernardo não limita suas inspirações a um único tema. Seu olhar capta a beleza da natureza, das pessoas e de seres místicos que ocupam sua imaginação. Mas, quando se trata de escolher, seu coração bate mais forte por temas que envolvem a natureza. “Eu gosto mais de pintar plantas. Mas não gosto de pintar só plantas, não. Eu gosto de pintar pessoas, animais, orixás, santos, paisagens, um monte de coisas que eu vejo”, revela.
Essa conexão com o mundo ao seu redor alimenta sua criatividade, permitindo-lhe criar obras que transmitem uma sensibilidade única.
Arte como refúgio emocional
Para o artista plástico, a arte é mais que uma paixão; é uma forma de acalmar a alma. Quando a vida se torna difícil, ele busca nas cores e pinceladas o alívio emocional de que precisa. “Quando eu fico nervoso vou pintar e isso me acalma”, pontua.
Esse processo não apenas o conforta, mas também o faz sentir-se feliz enquanto cria, imergindo em um estado de bem-estar e tranquilidade que só a arte consegue proporcionar.
Obras que marcam
Entre tantas criações, algumas peças se destacam por carregarem histórias profundas e emocionais. Ele fala com carinho sobre suas pinturas : ” Palhaços no Circo” e a tela “Saci na Floresta”, ambas associadas a momentos marcantes de sua vida. Ele revela o contexto por trás do Saci, uma obra que o ajudou a lidar com a perda de Bruno, seu cachorro.
“A história que me deixou triste foi quando Bruno, meu cachorro, morreu em 2022. Isso já faz dois anos… Quando chegou o tempo dele morrer, e aí eu pintei um saci… Eu gosto muito dele, de meu saci. Ele me dá segurança”, conta. Esse vínculo emocional com sua arte faz com que cada pintura seja uma peça íntima de sua vida e de suas memórias.
Influências e estilo
Bernardo tem como referência o renomado Vincent Van Gogh, um artista que também soube transformar emoções em arte. Inspirado tanto pelo mestre pós-impressionista quanto por sua própria paixão pela pintura, ele segue criando com autenticidade e dedicação.
Trajetória do poeta das cores
A jornada artística de Bernardo Tochilovsky é feita de afeto, cumplicidade e muita troca. Desde o início, sua família, amigos e professores estiveram ao seu lado, construindo juntos um ambiente onde ele pudesse criar com liberdade e amor. No ateliê da artista plástica Camila Govas, Bernardo encontrou mais do que um espaço para pintar: ele encontrou um lar, onde foi acolhido e carinhosamente apelidado de “Poeta das Cores”. Durante quatro anos, eles compartilharam descobertas, e Camila viu de perto a sensibilidade e o brilho que Bernardo colocava em cada uma das suas obras.
Com o artista visual Eliezer Nobre, outro grande apoiador em sua trajetória, Bernardo expandiu suas habilidades, aprendendo a criar mosaicos que refletem toda a sua dedicação e talento. Eliezer, que tem obras espalhadas por diversos países, tornou-se mais que um professor: um parceiro na arte e na vida. Em 2019, durante o tempo que passaram juntos, Bernardo diversificou seu processo criativo e se abriu para novas formas de expressão.
A trajetória de Bernardo Tochilovsky nas artes plásticas começou em 2018 com a exposição “Eu gosto de dizer”, no Colégio Anglo-Brasileiro. Desde então, ele passou por importantes palcos, como o Teatro Módulo em 2019 com “Como eu vejo”, e participou de eventos de grande relevância, como o Congresso Internacional Bahia de Todos os TEA em 2020 e a 18ª Semana de Museus no Palacete das Artes, está com curadoria de Murilo Ribeiro, outro grande incentivador da arte de Bernardo.
Bernardo participou de diversas exposições coletivas e individuais, incluindo mostras no Art Lab Gallery em São Paulo, no Palacete das Artes e na Sociedade Brasileira de Psicanálise, com destaque para “Tecituras” e “Singularidade”(Grupo Empório). Em 2024, uma de suas obras foi exibida em Portugal, na Galeria Geraldes Silva, mostrando seu reconhecimento internacional.
Desafios e superações
Como muitos artistas, Bernardo também enfrentou desafios em sua trajetória. Durante o último ano do ensino médio, as aulas tornaram-se uma grande dificuldade, mas ele encontrou força na arte para continuar. “Em 2018, no 3º ano do Ensino Médio, as aulas na escola estavam muito difíceis pra mim, então eu preferi ir para o ateliê de Camila Govas em 2019, ao invés de ir para a faculdade, explica”
A decisão de focar na arte foi transformadora, permitindo que ele seguisse o caminho que mais o fazia feliz.
Orgulho e planos para o futuro
A satisfação que Bernardo sente em relação à sua carreira é evidente. Quanto ao futuro, ele tem grandes sonhos. “Eu quero que as pessoas sigam gostando do meu trabalho e quero também fazer uma exposição lá em Minas Gerais e na Argentina, diz”.
Um conselho…
Por fim, Bernardo deixa um conselho sincero e inspirador. “Eu acho que todo mundo precisa trabalhar e ter uma profissão, e é muito importante trabalhar numa coisa que deixa a gente feliz, finaliza”
Com a alma transbordando arte e sensibilidade, Bernardo Ribeiro Tochilovsky continua sua jornada, pintando o mundo ao seu redor com as cores de suas emoções, suas histórias e seus sonhos.