Nesta sexta-feira, 13 de junho, o calendário espiritual brasileiro une dois universos simbólicos poderosos: o Dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro mais popular do país, e a mítica sexta-feira 13, tradicionalmente cercada de mistérios e superstições.

Celebrado desde o século XIII, Santo Antônio é conhecido por sua devoção aos pobres e sua habilidade em “fazer milagres”, especialmente os afetivos. Sua fama de casamenteiro atravessou séculos, sendo alvo de promessas, orações e simpatias por aqueles que desejam encontrar o amor ou fortalecer vínculos afetivos.

Mas o Brasil, país do sincretismo religioso, também reverencia este dia por outras vias espirituais. No Candomblé e na Umbanda, Santo Antônio é sincretizado com Ogum e Exu — orixás de caminhos e decisões, de força e transformação.

Dia de Santo Antônio e o sincretismo religioso com Ogum e Exu

Ogum, o senhor do ferro e da guerra, rege os caminhos abertos com coragem. Exu, o mensageiro entre mundos, guarda os encruzilhamentos e simboliza o movimento, a comunicação e a liberdade. Ambos trazem à sexta-feira 13 um sentido que transcende o medo ou a superstição. Trata-se de um dia potente para rever escolhas, abrir caminhos e buscar equilíbrio entre razão e coração — especialmente no campo afetivo.

Simpatias para o amor com responsabilidade espiritual

Dentro dessa atmosfera de fé e esperança, surgem simpatias populares que visam atrair o amor. Uma delas, ensinada por Tata Jubilê, nome espiritual do pai de santo Jorge Oliveira, líder do Centro Unzò de Mutalambô e com 34 anos de Axé, é centrada no inhame assado — um alimento que, segundo a tradição afro-brasileira, tem poder de ligação entre os astros e a terra.

“O inhame assado, seja na brasa ou no forno, deve ser mantido com a casca. Dentro dele, coloca-se o nome da pessoa amada e da pessoa que ama. Recheia-se com bastante mel e fecha-se o inhame amarrando com uma fita azul. Em seguida, cobre-se tudo com farofa de mel e banana-da-terra frita. Essa oferenda deve ser levada a um mato verde”, explica Tata Jubilê.

Outra simpatia, mais simples e acessível, também envolve o pão:

“Abra o pão, coloque o seu nome junto ao nome da pessoa desejada. Recheie com mel, amarre com fita azul e ofereça em um jardim ou próximo a uma igreja com muitos casamentos”, recomenda.

Ambas as práticas são feitas com intenção e respeito. Para Tata Jubilê, o mais importante é compreender que o amor verdadeiro não se força.

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“O amor precisa ser livre para ser verdadeiro. Não se constrói felicidade sobre o desejo de aprisionar. A espiritualidade, quando verdadeira, não controla, orienta. Não aprisiona, liberta.

Amor não se obriga, acontece naturalmente. Que cada um busque o sagrado não como atalho para a ilusão, mas como caminho para a verdade. Porque, no fim, a maior magia que existe ainda é o amor que escolhe ficar”, conclui o pai de santo.