O avanço das doenças autoimunes tornou-se um fenômeno preocupante no Brasil e no mundo. Especialistas alertam: fatores como estresse, dieta ultraprocessada, sedentarismo e poluição estão por trás do aumento expressivo dos casos.

Leia também: Multicentro Carlos Gomes promove práticas gratuitas para saúde física e mental

Segundo a revisão internacional “A crescente prevalência de autoimunidade e doenças autoimunes”, a incidência global dessas doenças cresce cerca de 19,1% ao ano, atingindo 12,5% da população mundial.

O que está por trás desse aumento?

De acordo com o neurologista Thiago Junqueira, especialista em neuroimunologia, o estilo de vida moderno cria um “terreno fértil” para doenças como esclerose múltipla, artrite reumatoide, lúpus, doença de Crohn, neuromielite óptica, síndrome de Guillain-Barré e encefalite autoimune.

“Estresse crônico, alimentação pobre, falta de exercício físico e exposição à poluição desregulam o sistema imunológico, abrindo caminho para essas doenças”, explica Junqueira.

Mulheres: 80% dos diagnósticos das doenças autoimunes

As mulheres estão no centro das estatísticas. Cerca de 80% das pessoas diagnosticadas com doenças autoimunes são do sexo feminino. Segundo o estudo publicado no Journal of the Endocrine Society, as transições hormonais — puberdade, gravidez e menopausa — influenciam diretamente o sistema imunológico, aumentando a vulnerabilidade ao longo da vida.

Cidades grandes, risco maior

Especialistas também alertam que ambientes urbanos e poluídos, com maior exposição a partículas tóxicas e estressores ambientais, tendem a ser mais propícios ao desenvolvimento de doenças autoimunes. “O estilo de vida nas grandes cidades favorece a inflamação crônica, que é uma das portas de entrada para esses distúrbios”, observa o Dr. Thiago Junqueira.

Mudança de estilo de vida: parte do tratamento

Os avanços em medicamentos são importantes, mas o estilo de vida continua sendo um pilar no manejo das doenças autoimunes. “Precisamos ajudar as pessoas a mudar seus hábitos de forma consistente, visando não apenas a remissão dos sintomas, mas quem sabe, no futuro, a cura”, conclui Junqueira.